terça-feira, 13 de setembro de 2011

A internet como meio não deve ser o fim.


          Revoltas populares na Palestina, Portugal, na praça Tahrir no Egito e na praça do sol na Espanha, reivindicações no chile e no Brasil, levante popular na Líbia, Grécia e outros inúmeros países Africanos, tiveram este ano um palco de lutas em comum. A internet através das redes sociais, antes vista apenas como símbolo de interação, ganha contorno marcadamente ativista. As mobilizações ao redor do mundo expressam uma forte tendência a tornar as redes sociais o principal palco de mobilização das massas para fins políticos.
           A exemplo do ocorrido na Grécia, onde os estudantes organizaram através de uma rede social as manifestações que culminaram com a queda do ditador Hosnir Mubarak, e da Espanha, onde 40 a 50 mil pessoas ocuparam a praça Porta do Sol e conseguiram a derrota nas urnas do presidente Zapatero e seu partido PSOE, no Brasil as redes também foram fundamentais para obtenção de importantes vitórias do povo.
           Como exemplo, no estado do Piauí estudantes e trabalhadores da capital, organizados atravé
s de um Fórum contra o abusivo aumento da passagem do Transporte público conseguiram com intensas mobilizações nas redes sociais, levar as ruas de Teresina uma verdadeira massa de indignados. No quinto dia de protesto cerca de 30 mil pessoas participaram de uma passeata pelas principais ruas da cidade.
           O enfrentamento com a polícia deixou inúmeros estudantes e trabalhadores feridos, muitos foram espancados. Em resposta os estudantes indignados com o descaso do Prefeito Elmano Férrer, a repressão da polícia e a criminalização da mídia incendiaram um ônibus em uma das principais avenidas da cidade. O ato contou com o apoio de significativa parcela da sociedade, mas foi duramente criminalizado pelos veículos de imprensa nacional e local. Como consequência o prefeito acuado revogou por trinta dias prorrogáveis por mais trinta o decreto que aumentava o valor da passagem de R$: 1,90 para R$: 2,10 e, acatou a reivindicação dos manifestantes para a instalação de uma auditoria nas planilhas de custo apresentadas pelos empresários do transporte público de Teresina.
           Mas, não podemos creditar apenas às redes sociais a obtenção de todas essas vitórias. Se por um lado a internet é o meio pelo qual a sociedade vem se organizando, por outro, a necessidade dessa organização é fruto da constatação real de um modelo político social e econômico falidos. O povo começa a despertar, através da análise de sua condição de vida, para a exploração imposta pelos grandes empresários e políticos, que visam em primeiro plano a obtenção de lucros mais vultosos e a perpetuação no poder. E é partindo desta constatação que surge na sociedade a ânsia por organizar-se.
           A sociedade civil organizada tem neste contexto um importante papel. É através da intensificação dos debates, estudos e das críticas promovidas pelas entidades representativas dos trabalhadores, estudantes e dos demais setores sociais engajados na luta por uma sociedade igualitária, que as massas envolvidas nas grandes manifestações puxadas pela internet, passarão de uma consciência superficial de sua exploração para uma consciência de classe e unificação das lutas.
           Neste contexto, as vitórias obtidas nas ruas não devem ter por finalidade apenas a obtenção imediata de determinadas reivindicações. Mas, fundamentalmente, devem ser o início do processo de conscientização das massas para o despertar de uma nova era, com novas lutas e novas conquistas.

Breno Botelho Ribeiro

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