quinta-feira, 14 de julho de 2011

Crise Aeroportuária Brasileira

        
          Em Junho deste ano, no Aeroporto do Galeão, Rio de Janeiro, uma equipe de seis pessoas da Confederação Brasileira de Karatê, que iria para a Itália onde participariam do Campeonato Mundial, esperava a mais de nove horas pelo embarque em uma aeronave da empresa AZUL.
          “Saímos de Campinas às 13h30min, sendo que o voo estava marcado para as 10h. Chegamos às 14h no Rio, já são 22h e não recebemos sequer um copo com água da empresa. Além disso, ainda não disseram quando iremos embarcar e se iremos embarcar hoje”, informou o atleta Romildo Rodrigues. A empresa declarou que os atrasos eram devidos ao mal tempo em Campinas, que teria atrasado os demais voos da companhia. Porém este fato é resultado de algo que vai muito além de um simples problema meteorológico.
           A crise aeroportuária vem sendo empurrada com a barriga ao longo de muitos anos. Em uma primeira análise pode se dizer que ela é resultado de uma demanda cada vez maior do número de passageiros e serviços operacionalizados nos aeroportos Nacionais, que não contou proporcionalmente com a devida expansão de investimentos no setor. Mas, somente isto estaria muito vago para analisar uma situação que reflete na verdade uma clara estratégia implantada pelo Governo Federal desde a administração de FHC.
          O estancamento dos investimentos deve-se ao mesmo fator observado na Saúde, na Educação e nos demais setores da gestão pública Brasileira. O sucateamento é apenas a ponta do iceberg, o que está encoberto é a intenção de privatização tão demonizada pela gestão Petista, usada como poderosa arma de ataque nas campanhas eleitorais, mas que se tornou sua maior prática pós-campanha. Em maio deste ano o então Ministro Chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, anunciou o início do processo de privatização dos principais aeroportos como saída para solucionar o problema do caos aéreo Brasileiro. A medida transferirá em primeiro plano para a iniciativa privada a administração dos três maiores aeroportos nacionais: Guarulhos, Brasília e Viracopos e posteriormente Galeão, no Rio, e Confins, em Belo Horizonte.
           Chega a ser vergonhoso pensar em um Estado que sucateia propositadamente os setores públicos para poder vendê-los a preços de banana a iniciativa privada. Infelizmente é desta triste realidade que padecemos em nosso país.
           Uma linha especial de financiamento já estaria sendo articulada pelo BNDES para atender aos grandes grupos estrangeiros, empresas aéreas e mega-empreiteiras que já se articulam para tomar o controle do setor aéreo de nosso país. Segundo o jornal O Globo, antes mesmo de divulgada as concessões, os grupos Camargo Côrrea, Andrade Gutierrez e Odebrecht já teriam constituído joint-ventures (parcerias) para gerir os aeroportos.
         Estudos divulgados pelo IPEA, revelam que em 2003 o número de passageiros que voavam no país era de 71 milhões. Em 2010 foi de 154 milhões, um crescimento de 117%. Esse mesmo documento constata que “apesar dos graves acidentes aéreos ocorridos em 2006 (GOL) e 2007 (TAM), que culminaram no chamado ‘apagão aéreo’, não houve uma reação do poder público em termos de reforço nos investimentos totais aeroportuários, que permaneceram estáveis no período (2006/2010).” Constata-se também que em 2010, dos 20 maiores aeroportos do país, 14 estavam em “situação crítica”, operando acima de sua capacidade. Como sempre a maior vítima deste jogo sujo chamado parcerias público privado (PPP’s) é a população, que atualmente é submetida a péssimos serviços prestados tanto por parte das empresas aéreas, quanto por parte dos aeroportos, e que, para ver uma possível resolução de tais problemas será onerada com o aumento das tarifas após a privatização do setor. Vale lembrar que falta pouquíssimo tempo para sediarmos uma Copa do Mundo e as Olimpíadas e continuamos empurrando nossos problemas para debaixo do tapete. Resultado do “desinteresse” de uma classe política que espelha o nível de consciência de nosso povo e o fracasso de nossa sociedade.
Fonte: Opinião Socialista

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